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Associação Baiana de Fazendeiros denuncia onda de violência rural após latrocínio em Jequié

Associação Baiana de Fazendeiros denuncia onda de violência rural após latrocínio em Jequié

Em carta aberta direcionada a imprensa, a Associação Baiana de Fazendeiros denuncia onda de violência rural após latrocínio em Jequié.

Os casos de violência no campo estão se intensificando. De 21 de outubro para cá, somente aquelas ocorrências de porte, que foram documentadas, são: Roubo de Transformador na fazenda de Mauro; Latrocínio (roubo seguido de assassinato) do Vaqueiro Francisco Borges (48 anos), de Jaguaquara (Na mesma semana, ocorreram mais duas tentativas de roubo a propriedades rurais, graça a Deus malsucedidas); Latrocínio do Sr. Roque Borges (69 anos), do Sitio Laranjeira.  A falta de segurança na área rural traz impactos na produção agrícola e na economia local de forma ampla e profunda, afetando tanto produtores, quanto comunidades rurais e urbanas.

Nós, da Diretoria Executiva da ABF – Associação Baiana de Fazendeiros, representando quase 200 associados com propriedades espalhadas em um raio de 100 Km de Jaguaquara, alertamos para os efeitos deletérios da violência rural e solicitamos providências das autoridades.

Os principais efeitos são:

  1. Prejuízos Econômicos Diretos. Estes são representados por roubos de equipamentos e insumos como tratores, máquinas agrícolas, fertilizantes e defensivos, que são alvos frequentes, causando prejuízos financeiros significativos. Além destes, temos os furtos de animais, prática comum, que compromete a produção pecuária e gera perdas irreparáveis para pequenos e médios criadores.

Por fim, a destruição de plantações, quando ocorrem  invasões e vandalismo em propriedades agrícolas, resultando na perda, muitas vezes, de safras inteiras;

2. Redução da Produtividade. O medo e desmotivação vivido por agricultores podem reduzir suas atividades ou evitar que invistam em melhorias por receio de perdas futuras.

Aliado a isso, existem os problemas de falta de mão de obra, devido ao êxodo de trabalhadores rurais, diminuindo a força de trabalho disponível. Convém destacar as interrupções no processo produtivo, sempre que ocorrem conflitos ou ameaças;

3. Elevação de Custos Operacionais, através do investimento em segurança nas propriedades com a instalação de sistemas de monitoramento, cercas, alarmes e contratação de vigilância privada, aumentando os custos de produção;

4. Impactos na Economia Local, com redução da circulação de dinheiro devido à queda na produção agrícola, afetando os mercados locais, diminuindo a oferta de produtos, a circulação de dinheiro e a renda das comunidades. Risco de desabastecimento, já que a insegurança pode comprometer a logística de transporte, dificultando o escoamento da produção para cidades e mercados regionais. Outra conseqüência econômica é a fuga de investidores que buscam regiões mais seguras para seus investimentos, comprometendo o desenvolvimento econômico local. O resultado desta equação é o empobrecimento de pequenos agricultores, os mais vulneráveis são os que mais sofrem, uma vez que não possuem recursos para arcar com perdas ou investir em segurança, muitas vezes levam no à venda de propriedades por preços baixos, favorecendo a concentração de terras em mãos de grandes proprietários;

5. Impactos Psicológicos e Comunitários com a insegurança, gerando estresse e ansiedade nas comunidades rurais, prejudicando a qualidade de vida e facilitando o êxodo rural.

Muitos abandonam a vida no campo em busca de segurança nas cidades, agravando o despovoamento de áreas rurais e o inchaço urbano, com uma massa cada vez maior de pessoas à margem da economia dos grandes centros, visto que, pouco capacitadas para o trabalho urbano, terminam na informalidade ou marginalidade.

6. Perda de Competitividade no Mercado. Os produtos ficam mais caros devido aos custos elevados de produção, encarecendo produtos agrícolas, reduzindo competitividade frente a produtos de outras regiões. Além disso, gera a queda na qualidade, considerando que a insegurança pode comprometer os cuidados e a tecnologia aplicados na produção, reduzindo a qualidade dos alimentos.

Estes são alguns dos efeitos que a ABF – Associação Baiana de Fazendeiros percebe.

O compromisso em mitigar esses impactos exige esforços conjuntos entre governo, comunidade e setor privado, com investimentos em segurança, políticas públicas e tecnologia voltada para o campo.

Precisamos ampliar e aprofundar discussões na busca de soluções perenes. Perdas materiais podem ser substituídas, mas vidas humanas não.

Atenciosamente,

José Lamartine de Andrade Lima Neto

ABF – Associação Baiana de Fazendeiros


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