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Inema investiga se houve erro da Chesf na vazão da barragem em Jequié

Inema investiga se houve erro da Chesf na vazão da barragem em Jequié

O Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) analisa se o aumento da vazão da Barragem de Pedra, na Bacia do Rio de Contas, foi resultado de um erro operacional.

O escoamento feito pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) por causa das fortes chuvas aumentou o nível do rio e causou a inundação de algumas áreas em Jequié, no sudoeste da Bahia, neste domingo (25) e deixou 152 pessoas desabrigadas. A água atingiu prédios comerciais, casas e comunidades ribeirinhas. Mais de 30 mil pessoas foram atingidas direta ou indiretamente pela enchente. 

Segundo o diretor de Recursos Hídricos e Monitoramento Ambiental do Inema, Eduardo Topázio, a instituição solicitou na segunda-feira (26) dados hidrológicos para avaliar a situação. “Vamos analisar quanto de água foi circulado e quanto foi liberado no tempo e no espaço, se podia ter liberado antes [aos poucos], se deu tempo de fazer descargas preventivas”, explica. Com dados preliminares, ele adianta, contudo, que a barragem operava dentro da cota do volume de espera para o período.

O Inema também vai analisar o Plano de Ação Emergencial (PAE) para verificar se o protocolo da empresa precisa ser aperfeiçoado em caso de risco que necessite alertar a população. Medidas como implantação de sirenes e alertas em regiões que podem ser afetadas são indicadas. A ação trata-se de um pressionamento, visto que a responsabilidade de aprovar o PAE é da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que não retornou a reportagem do CORREIO quando questionada se há apuração do caso. 

A prefeitura de Jequié aponta que a vazão da Barragem da Pedra não teria sido gradual e estava no dia 19 com 80m³/s a 100m³/s, na quinta (22) saltou para 400m³/s, na sexta-feira, 800m³/s, e no sábado para 1.200m³/s. “Amanhecemos o domingo com 2.400 [m³/s] inundando todo o centro comercial da cidade”, informou a gestão.

O prefeito Zenildo Santana, conhecido como Zé Cocá, ainda denuncia que os avisos não foram dados com antecedência suficiente. “Ligamos e perguntamos se poderia dar impacto. Não informaram ‘com essa altura [de volume da vazão] irá alagar a cidade’. Eles tinham que ter números, [por exemplo], com 1.200m³/s chega em tal lugar”, justifica. O prefeito disse que “algo deverá ser feito” em conjunto com o Governo do Estado, mas não detalhou se considera ação judicial. 

Na contramão, a Chesf informa, em nota, que aumentou gradativamente a vazão de saída desde o dia 18 em decorrência do alto volume de chuvas que chegou ao reservatório, atingindo o patamar de 4.500 m³/s. O valor máximo da vazão de saída foi de 2.400 m³/s e o reservatório atingiu 93% da sua capacidade de armazenamento. 

O Reservatório da Usina da Pedra, situado na Bacia do Rio de Contas, na região do município de Jequié, recebeu um volume de água expressivo em decorrência das fortes chuvas, o que tornou necessária a abertura das comportas para controle de cheia, elevando o nível de água do Rio de Contas. A ocorrência gerou alagamentos e inundações em Jequié e em municípios circunvizinhos. 

As fortes chuvas que atingem a Bahia não se resumem ao caso de Jequié. As tempestades têm traçado uma linha de estragos em 111 cidades e na vida de 229.619 pessoas. Mais de 80 municípios estão em situação de emergência. Hoje são 2.220 são desabrigados, 24.923 desalojados e 202.466 outros afetados em decorrência dos efeitos diretos do desastre, conforme a Superintendência de Proteção e Defesa Civil (Sudec). 


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