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Jequié: em um ano, cidade baiana mais violenta do país se torna a com maior letalidade policial

Jequié: em um ano, cidade baiana mais violenta do país se torna a com maior letalidade policial

No intervalo de um ano, o município de Jequié, na Bahia, foi da cidade mais violenta do país para a com maior letalidade policiai, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira. A taxa de mortes decorrentes de intervenções policiais na cidade baiana chegou 46,6 por 100 mil pessoas neste último levantamento.
A taxa é 1.380% superior à média nacional. Em 2023, a maior parte das mortes foi causada por ação de agentes estatais (55,2%), destaca o Fórum de Segurança Pública, responsável pelo anuário. Jequié viu uma redução de 5% nas mortes entre 2022 e 2023.
O município, no entanto, segue entre as dez cidades mais violentas do país, juntamente com outros seis municípios baianos. Jequié encontra-se em terceiro lugar, enquanto Camaçari (BA) está em segundo, com uma taxa de mortes violentas intencionais de 90,6 por 100 mil. A cidade mais violenta é Santana, no Amapá, com taxa de 92,9 por 100 mil habitantes.

Segundo Dudu Ribeiro, diretor-executivo da organização Iniciativa Negra e integrante da Rede de Observatórios da Segurança na Bahia, a explicação para os elevados índices de violência nessas cidades baianas envolve a ação de facções criminosas:
— Jequié talvez seja o exemplo mais nítido de uma paisagem complexa que vivemos hoje na Bahia. A migração de organizações tradicionais do Sudeste encontra as locais, absorve algumas, e intensifica os conflitos — diz Ribeiro — Nós temos a presença de um grande conjunto de facções atuando na Bahia e isso tem levado essas guerras para as grandes e médias cidades.

Em 2023, O GLOBO mostrou que por trás do elevado número de mortes violentas em Jequié estava uma briga entre facções criminosas. No ano anterior, o chefe do tráfico no sudoeste do estado Sandro Santos Queiroz, o Real, traiu o Primeiro Comando da Capital e se aliou ao grupo rival, o Comando Vermelho. Ex-comparsas determinaram, então, uma caçada ao criminoso, que resultou no elevado número de mortes em Jequié. Dados da Polícia Civil indicam que 92 dos 101 homicídios ocorridos no município estavam ligados ao conflito entre facções.
— As ações policiais estão muitas vezes dentro da dinâmica das disputas, e as áreas de atuação podem ser determinadas por arranjos desta dinâmica. Em um cenário de disputas por controle territorial, as polícias muitas vezes podem fazer escolhas em qual grupo investir. Não é igual para todos. O tráfico de drogas recruta agentes públicos que, em serviço, podem definir que áreas ocupar e que indivíduos eliminar — diz Ribeiro, sobre os elevados números de letalidade policial vistos na Bahia. Fonte: O Globo 


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