Entre os meses de janeiro de 2010 e 2020, 23 empresas serviram de fachada para lavagem de dinheiro em esquema que teria movimentado cerca de R$ 5 bilhões em dez anos com atividades do jogo do bicho e máquinas caça-níqueis na Bahia. O esquema era operado por uma rede criminosa vinculada a uma rede de jogos de azar autointitulada ‘Paratodos’.
Com detalhes, a investigação instaurada pelo Ministério Público da Bahia revela a atuação da rede criminosa que culminou na ‘Operação Lei Para Todos’, deflagrada hoje, dia 18, pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco). No último dia 9, a Justiça recebeu a denúncia do MPBA contra 14 pessoas e determinou o bloqueio de valores bancários e bens. Foram sequestrados judicialmente, até o momento, 91 veículos, num valor total estimado de R$ 13 milhões, bem como 58 imóveis, os quais, somados, chegam ao total de aproximadamente R$ 55 milhões. Além deles, ainda foram expedidos ofícios para a apreensão de 13 lanchas, três motos aquáticas, um iate e 18 aeronaves. Nas contas bancárias, foram bloqueados cerca de R$ 92,8 milhões.
As 14 pessoas foram denunciadas (ver lista abaixo) pelo crime de lavagem e dinheiro e aparecem, ao longo dos dez anos, como sócios das 23 empresas. Parte delas funciona para inserir o dinheiro do jogo do bicho e da exploração de máquinas caça-níqueis na economia formal; outra parte, para blindagem patrimonial, por meio da mescla dos recursos ilícitos da jogatina com recursos lícitos, obtidos com a exploração de atividades econômicas formais. As investigações, que contaram com quebra dos sigilos bancário e fiscal dos denunciados, apontam elevação patrimonial significativa dos envolvidos, chegando a saltar de R$ 9 milhões para mais de R$ 65 milhões em nove anos, em um dos casos.
Núcleos
O esquema seria operado a partir de três núcleos: do jogo do bicho, das máquinas caça-níqueis e do bicho eletrônico, liderados respectivamente por Adilson Santana Passos Júnior e Leandro Reis Almeida, filhos e sucessores dos fundadores da ‘Paratodos’ (Adilson Passos e José Geraldo); Augusto César Requião da Silva; e Maria Tereza Carvalho Luz e Frederico Pedreira Luz.
A investigação aponta Augusto César como “patrono” da jogatina ilícita no estado e ele aparece, junto com José Luiz de Oliveira Simões, outro denunciado, como sócio da empresa OM Recreativo Administração e Locação Ltda, em cujo endereço funcionou a “fortaleza do jogo bicho”, no bairro da Liberdade, na capital, depois transferida para a Avenida Otávio Mangabeira, em Pituaçu, ambos locais contando “com forte esquema de segurança, com muros elevados, câmeras e vigias armados”. A sigla OM apareceu nas máquinas caça-níqueis identificadas durante as investigações.
Conforme a denúncia, cada núcleo é responsável por um ramo da jogatina. O primeiro núcleo controla o tradicional e ilícito jogo do bicho na Bahia; o segundo faz a exploração das máquinas caça-níqueis, inclusive com a prática de contrabando das peças utilizadas nas máquinas; e o terceiro núcleo é responsável por modernizar o jogo do bicho mediante a introdução do sistema eletrônico de apostas (“bicho eletrônico”), principalmente por intermédio da empresa Projeta Tecnologias e Projetos Ltda. FONTE: MPBA
DENUNCIADOS:
ADILSON SANTANA PASSOS
ADILSON SANTANA PASSOS JÚNIOR
AUGUSTO CÉSAR REQUIÃO DA SILVA
FREDERICO PEDREIRA LUZ
JOANA MASCARENHAS REQUIÃO DA SILVA
JOÃO CARLOS PINTO
JOSÉ GERALDO DE SOUSA ALMEIDA
JOSÉ FERNANDO DE CARVALHO JÚNIOR
JOSÉ LUIZ DE OLIVEIRA SIMÕES
JÚLIO VINÍCIUS REIS ALMEIDA
LEANDRO REIS ALMEIDA
LEONARDO REIS ALMEIDA
MARCOS AUGUSTO PINTO
MARIA TERESA CARVALHO LUZ
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